terça-feira, 19 de julho de 2011

A chuva escorrendo pelo corpo





Na noite fria, ela sentia falta de um corpo quente
Mas já não lhe adiantava nada procurar por um...
Ela ja desistiu...
E aquela sensação amarga dentro de seu corpo, matava-lhe calmamente.

Ela não queria ficar sosinha, mas também não desejava algúem.
Não que pudesse aceitar isso...
Mas ela, mesmo sendo forte, sentia-se distante de tudo..
E o tempo trazia todas as memórias ruins e arrancavam-lhe as lágrimas...

Ela não teme aquilo que é estranho...
ela não tem medo do escuro...
ela não acredita nas promessas
ela não confia nas palavras doces
ela não pede pelos toques que recebe
ela que vive desse jeito, no meio...
entre a luz e a escuridão.

Mulher de semblante e corpo frágil
abraçada aos próprios joelhos... tentando derramar as próprias lágrimas
mas ela não conseguia esquecer o motivo....
e ela sentia que seria bem mais belo, olhar aquele rosto sério.
do que falar algo...

E naqueles negros olhos, espelham-se
sentimentos que ela conhece... muito bem..
ela sente o tremor em seu corpo, só em pensar em tocar aqueles lábios, com os dela.
ela que parece ser tão forte, chora...

E isso não foi tão bom, quanto parecia que iria ser..
as lágrimas desciam triunfantes por aquele rosto
que ainda permenecia inespressivo..
a chuva lá fora, caia forte, e ela curvava-se, para molhar-se.

As gotas cairam frias, fortes, em seu rosto
e seu corpo foi ficando cada vez mais molhado..
as lágrimas, derramadas pelos olhos, derramadas pela chuva...
e a vodka ia  descendo quente pela garganta, seca e apertada.

O corpo despenca ao chão
e  apenas a camisa branca que vestia, forma um belo desenho em volta do corpo...
camadas finas de tecido, molhado...
os cabelos, colavam-se na face e dos lábios saiam uma canção triste.

E aquela mulher deitava-se no chão
fitava serenamente o céu quase negro
e a lua formando-se...
e ela sorria, ao lembrar que existiam aqueles negros olhos... protegendo-a.

Ela sentia-se abraçando-o...
mais ainda estava distante de tudo..
ela não tem medo da escuridão..
e a água tão fria, fazia com que aquela moça tremesse desconcertadamente.

E ela não sabia mais o que fazer
ela queria apenas fugir... queria ir embora
mas lembrava-se sempre dos lábios, que expulsam as palávras mais doces
ela sorria com o canto dos lábios e tremia ainda mais.

Sentada ao canto, lembrava-se da arte, da voz, da música.
ela sorria insanamente...
E a chuva escorria ainda mais fria por aquele corpo.
ela cantava uma canção ainda mais triste
e sorria frenéticamente.
ela repetia:
Me diz que estamos juntos, mesmo estando distantes? me diz... me diz..me diz...
Tudo estava tão escuro.. mas ela não lembrou de seus medos..
ela só lembrava dos  olhos encantadores, que nunca haviam encarado-a.

E ela permaneceu até que a chuva parasse de escorrer-lhe pelo corpo
até que as lágrimas parassem de descer pelo seu rosto
até que seus pensamentos fossem somente dele..
e sim, ela havia desistido..

Mas a única coisa que lhe fazia sentido naquele momento
era perder-se em tudo aquilo que lhe fazia bem..
e ela sentiu-se amparada por aqueles braços protetores...
ela fechou os olhos, sentiu seu corpo tremendo...
e adormeceu, sorrindo...



Por: Yuki Inoue
Numa manhã de sentimentos misturados, ouvindo legião urbana, sorrindo... calmamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário